segunda-feira, 17 de junho de 2013

UMA AULA DIFERENTE: SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Como dizia Carlos Drummond de Andrade, "a leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede". Baseado nessa frase gostaria de sugerir uma atividade para trabalhar em sala de aula,  entretanto, essa aula deve ser utilizada para motivar os alunos a lerem livros de literatura, e através dela, conhecer essa fonte inesgotável de prazer que é a leitura. 
E para saciar esta sede oculta em cada aluno, traremos aqui um texto de Antonio Barreto.

                                                             Jucinei Rocha dos Santos


MEU PRIMEIRO BEIJO
                                                    Antonio Barreto


                                            (Fonte da imagem: http://ascronicasdojoao.blogspot.com.br/2012/01/o-primeiro-beijo.html)


É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo. Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por várias semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!

BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.


Extraído de http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22430


ESTRATÉGIA 1

CAPACIDADE DE COMPREENSÃO: Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses.

 Inicialmente, apresente a seus alunos a crônica “Meu primeiro beijo” de Antonio Barreto, entregando uma cópia para cada aluno. Antes de executar a leitura do texto discuta com os alunos o título e o nome do autor, levantando conhecimentos prévios através dos seguintes questionamentos:

·         Conhecem algum texto de Antonio Barreto? Já ouviram falar dele?
·         Alguém já teve o primeiro beijo? Quer compartilhar com a turma como foi?
·         O que vem em nossa mente quando ouvimos em  primeiro beijo?
·         O que você espera de um texto com esse título?

Provavelmente poucos alunos conhecerão o escritor Antonio Barreto, por isso seria muito interessante que o professor falasse um pouco sobre o escritor. Como o objetivo principal é incentivar os alunos a lerem e se interessarem por literatura, seria muito importante que o professor fizesse uso de uma boa didática e bom humor, deixando cada um compartilhar sua experiência, porém, sem perder o foco na aula.


ESTRATÉGIA 2

CAPACIDADE DE COMPREENSÃO: Produção de inferências locais; produção de inferências globais.

A seguir, realize a leitura em voz alta (Dependendo o nível da classe peça aos alunos que leiam). Durante a atividade, incentive os alunos a deduzirem algumas palavras desconhecidas ou contextualizá-las, esclarecendo as dúvidas no final de cada dedução.
Após a leitura, o professor pode levantar as seguintes questões:

·         O que entenderam do texto? Qual foi a maior dificuldade?
·         Foi o que você esperava?
·         Teve alguma palavra que dificultou a compreensão? Qual?
·         Em sua opinião, por que o autor escreve sobre o primeiro beijo?
·         É possível obter algum conhecimento de mundo através do texto de Antonio Barreto? Identifique no texto e explique.

ESTRATÉGIA 3

CAPACIDADE DE COMPREENSÃO: Localização de informações; comparação de informações; generalizações.

Depois de socializada a compreensão, faça perguntas relacionadas ao gênero textual:

·         Quais as características desse tipo de texto?
·         Quem é o narrador?
·         Em que local acontece?
·         Há marcas temporais? Quais?
·         Quais são as informações mais relevantes?

Após finalizar a atividade, seria muito importante que o professor levasse os alunos à biblioteca para retirar livros com temas relacionados, ou recomendasse alguns autores para os alunos, a fim de que através de uma simples aula muitos se tornassem leitores assíduos e despertassem interesse pela literatura.


domingo, 16 de junho de 2013

SEQUÊNCIA DIDÁTICA


Crônica "Avestruz"

 (Mário Prata)

Ilustração do vetor da avestruz dos desenhos animados

©  | Dreamstime.com


Antes da leitura do texto

Habilidades:

  • Ativação de conhecimento de mundo; 
  • Antecipação ou predição; 
  • Recuperação do contexto de produção;
  • Definição de finalidades e metas da atividade de leitura.



Passo 1

  1.  Vocês têm animais de estimação? Quais?
  2. · Eles dão muito trabalho? De que cuidados necessitam?
  3. · Por que você escolheu esse animal?

Passo 2

O professor anuncia “Vamos ler um texto chamado Avestruz”.

  1. · Vocês sabem o que é uma avestruz? Como ele é?
  2. · Já viram algum? Onde?
  3. · O que você espera de um texto com esse título?

Passo 3

O professor apresentará a biografia do autor no data show.


Durante a leitura do texto

Habilidades:

  • Confirmação ou retificação das antecipações ou expectativas de sentido criadas durante a leitura;
  • Localização e comparação de informações; 
  • Produção de inferências locais e globais;
  • Percepção de outras linguagens;
  • Identificação de pistas lingüísticas responsáveis por introduzir humor no texto;
  • Elaboração de apreciações estéticas e/ou afetivas.

Passo 1

Leitura compartilhada (feita pelo professor)

Passo 2

Checagem de hipóteses

Passo 3

Questões orais.

  1. Suas expectativas sobre o texto foram confirmadas?
  2. Você já havia imaginado uma avestruz como animal de estimação?
  3. Quais são as características da avestruz citadas pelo autor?
  4. Em sua opinião, é adequado ter uma avestruz como animal de estimação em um apartamento? Por quê?
  5. Quais localidades são citadas no texto? Você sabe onde elas ficam?

Passo 4

Neste momento, o professor mostrará no data show estas localidades – por meio de mapas e fotos – e poderá, também, exibir fotos variadas de avestruzes, como forma de ilustração.

Passo 5

(Serão formados grupos de dois a três alunos, tomando-se o cuidado de colocar alunos com mais dificuldades juntamente com alunos que possuem menos dificuldades).

Questionário:

  1. Você achou o texto cômico? Por quê?
  2. Grife e justifique a comicidade presente nos trechos selecionados por você.
  3. Que tipo de linguagem foi utilizada pelo autor?
  4. Depois de muito tentar, o narrador finalmente descobriu um modo de fazer o garoto desistir da avestruz. Que argumento ele utilizou para isso?
  5. Por que este argumento foi convincente?
  6. Se fosse você no lugar do narrador, que argumentos você utilizaria para fazer o garoto desistir de ter uma avestruz?
  7. Você gostou do texto? Por quê?


Depois da leitura do texto

Habilidades: 

  • Troca de impressões a respeito a respeito do texto lido, fornecendo indicações para sustentação de sua leitura e acolhendo outras posições;
  • Avaliação crítica do texto.
  • Utilização, em função da finalidade da leitura, do registro escrito para melhor compreensão.

Socialização das questões.

Neste momento o professor mediará a socialização das atividades realizadas pelos grupos, direcionando as discussões e fazendo as intervenções necessárias.


Avaliação

Habilidades:

  • Percepção de outras linguagens;
  • Utilização, em função da finalidade da leitura, do registro escrito para melhor compreensão;
  • Troca de impressões a respeito dos textos verbais e não verbais produzidos;
  • Avaliação crítica das produções.

Passo 1 

Produção textual

Os mesmos grupos das atividades anteriores deverão criar um novo final e uma ilustração para a narrativa.

Passo 2 

Socialização

Neste momento, os alunos lerão os textos produzidos; tais textos serão expostos em cartazes ou varais.


Atividade Complementar

  1. Exibição do filme Os Pinguins do Papai.
  2. Identificação da intertextualidade através de roda de discussão.

Referências Bibliográficas 

  • “Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona), de Joaquem Dolz & Bernardo Schneuwly;
  • “Letramento e capacidades de leitura para a cidadania, de Roxane Rojo.
  • “Avestruz”, de Mário Prata, disponível em www.marioprataonline.com.br.


Revisão e adaptação da Situação de Aprendizagem: Edilena R. Manente Zamarioli


Situação de aprendizagem originalmente elaborada pelos professores:

Cláudia Rossetti

Edilena R. Manente

Miguel Carlos Marques

Neila Márcia Nucci Gellio

Sequência Didática


Crônica "Meu Primeiro Beijo"

(de Antônio Barreto)

 
Fonte: http://cadernodecoisas.tumblr.com/page/11

sábado, 8 de junho de 2013

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

                                           
Carlos Drummond utiliza o em seu poema Poema das Sete Faces a palavra gauche, que seria deslocado, desajustado, à esquerda dos acontecimentos e observou -lírico, sentindo-se impotente diante da realidade, opta pela brincadeira, pela chacota.
Os psicanalistas assinalam que a ironia é uma defesa de quem se sente acuado ou impotente diante da realidade  Não encontrando soluções para o próprio problema, usa como saída o sarcasmo, a zombaria, que se voltam para si próprio e para o outro ou para o mundo.


Mundo  mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria um solução.

Pensamentos de Carlos Drummond de Andrade






Obras: Alguma Poesia (1930); Brejo das Almas(1934);Sentimento do Mundo (1940);Poesias (1942);A Rosa do Povo(1945); Viola de Bolso(1952); Fazendeiro do ar e poesia até agora(1953);Poemas (1959);A Vida Passada a Limpo(1959); Lição de Casa (1962);Versiprosa(1967); Boitempo(1968);Menino Antigo(1973);As Impurezas do Branco(1973); entre muitas outras
Uma das últimas obras em 1987  Amor  Natural .

Mesmo depois de sua morte, Carlos Drummond de Andrade é reverenciado em escolas , universidades e agora nos premiando com o projeto memória, somos incentivadores da leitura de propagar aquilo que jamais se apaga," o conhecimento".
Todas essas menções e depoimentos sobre leitura dedico a figura querida de meu avô Antônio Cabrini autodidata, amava seus livros e me incentivou a leitura

Carlos Drummond de Andrade

Drummond é, sem dúvida, o maior poeta brasileiro do século XX. Sua estreia deu-se em 1930, com Alguma Poesia. De maneira geral, os poemas desse livro procuram retratar a vida à sua volta. Fala-nos de cenas do cotidiano, de paisagens, de lembranças, fotografando a realidade, retratando a "vida Besta", como no poema abaixo:



                                     
                                                       CIDADEZINHA QUALQUER





                                          Casas entre bananeiras
                                           mulheres entre laranjeiras
                                           pomar amor cantar.


                                           Um homem vai devagar.
                                           Um cachorro vai devagar .
                                           Um burro vai devagar.
                                           

                                           Devagar... as janelas olham.
                                           Êta vida besta,meu Deus.
                                           Op. cit., p.86

Por outro lado, o poeta se manifesta o seu pessimismo e sua personalidade reservada, tímida, desconfiada, de um poeta que nasceu "para ser gauche na vida"; outras vezes, deixa transparecer um fina ironia e humor, utilizando-se do poema-piada próprio dos modernistas da primeira fase  como no exemplo a seguir:



                                             ANEDOTA BÚLGARA


                                            Era uma vez um czar naturalista
                                            que caçava homens,
                                            Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
                                             ficou muito espantado
                                             e achou uma barbaridade . Op.cit.,p.91



Uma particularidade de Carlos Drummond de Andrade é seu jeito mineiro de conquistar o leitor, de explorar o universo da sua Itabira, de explorar o mistério de cada homem somado as suas reflexões como poeta e de incorporações concretistas.
Procurando nos fatos mais corriqueiros também foi mestre  na prosa, um escrita com ironia e humor como na crônica. Falando desse gênio e querido autor brasileiro que nos proporciona todas as leituras e universos que às vezes nos identificamos.




Ler é adentrar em todos os tipos de universo é você,conhecer outras culturas, civilizações, a figura do professor vai muito além da sala de aula é instituir o gosto pela leitura e pelo letramento.
Ler para as práticas sociais, ler para adquirir autonomia,
Ler e conhecer todos os tipos de gêneros textuais, ler para enriquecer a alma, em alguns depoimentos pelo curso como de Newton Mesquita ele diz:
“Os livros me fascinam, fui criado muito sozinho e os livros eram meus companheiros, ler é uma ginástica para a imaginação”.
Então o que é ler?
Ler acima de tudo é um ato de raciocínio, construindo significados e sentidos,ler por prazer de conhecer mais, de obter informações,ou então para aprender,fomentar a meta cognição.  Na segunda de junho, o IMESB fará uma exposição itinerante vida e obra de Carlos Drummond de Andrade, o convite é extensivo a todas as escolas de Bebedouro, faz parte de projeto memória uma iniciativa do Banco do Brasil e da Petrobrás, o incentivo pela leitura é uma prática diária onde os docentes diversificam sua metodologia e o gosto por ela.
Falando no ilustre e inesquecível Carlos Drummond de Andrade seu livro Sentimento do Mundo (1940) está na Fuvest é uma coletânea de poesias que representa uma mudança na trajetória do poeta. Diante dos horrores da guerra, da consciência de um mundo injusto e brutal, nasce o desejo de solidarizar-se, e o poeta abre mais espaço para o “outro” em sua poesia.
É o momento de voltar-se para o tempo, presente e a vida presente.
Em 1942 , Drummond publica Poesias, título geral de doze novos poemas,inclusive antológico “José”, que antecipam tematicamente A Rosa do Povo, temas principais o medo, a angústia, a náusea, a guerra, a solidão dos homens e a escravidão ocasionada pelo progresso. Maia, Português (p.292)
Em sua homenagem eu Silmara dedico este depoimento.



Postado por Silmara A. Gurian Vieira Silva

sexta-feira, 7 de junho de 2013

UMA LIVRARIA DIFERENTE

Às cinco da tarde o telefone toca.
- Alô!
- Alô, quem tá falando?
- Jorjão, aqui é o Mané do São Sebastião.
- E ai velho, beleza?
- Oh! Tudo na paz.
- Hã...
- Mano, liguei para ver se você ainda tem aqueles livros pra vender.
- Meu! O que mais tenho aqui em casa é livro. (Risadas)
- Tu tá ligado que me amarro pra caramba em uma literatura clássica, né?
- Sei sim! Semana passada tu levou quase toda a obra do Shakespeare.
- Só que essa semana vou levar um pouco das obras românticas, o que tu tem ai pra mim?
- Caro Mané, como alguns playboys vieram essa semana aqui e levaram quase todas as obras, só terei José de Alencar e Casemiro de Abreu, serve?
- Não é o que estava procurando, mas dá pro gasto!
- Semana que vem chega uma remessa de obras realistas e naturalistas, tipo Machado de Assis, Eça de Queiroz, Aluizio de Azevedo, Raul Pompéia, até Adolfo Caminha, acredito eu.
- Bom... Muito bom, mano!
- Que horas posso passar aí pra buscar?
- Velho, vou fazer uns corre agora e só to aqui lá pras dez, algum problema?
- Não mano. Dez e quinze to ai.
- O negócio é o seguinte, Mané, meu superior ta embaçando e tu terá que pagar tudo a vista.
- Oloco, mas por que toda essa burocracia?
- É que a semana passada uns Nerds do Jardim Itamaraty levaram os estoques das obras modernas e pós-modernas e não pagaram.
- Hum... Complicado hein?
- E como é! Quase perdi minha vida.
- Não é da minha conta, mano, mas o que eles levaram?
- Hum...Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti, Luiz Fernando Veríssimo, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, José Saramago...
- Nossa! Os caras estão inspirados, hein?
- O que eu achei estranho é que todo mundo tá falando dos livros da Clarice Lispector e do Caio Fernando Abreu, mas não levaram nenhum deles.
- Verdade mano, to vendo até nas redes sociais, achei que você tinha vendido tudo.
- Não! Esses são caros, já que a procura é maior.
-Hum...
- E como eles não tem disposição para adquirir e ler o material eles recitam pequenas frases, mesmo sem ter lido o livro inteiro.
- É foda meu.
- Mas mano, vou te deixando por aqui, já que agora vou repassar os clássicos da semana passada.
- Pode crer, te espero aqui às dez e quinze então.
- Firmeza mano, é nóis.
- Abraço, moleque! Manda um abraço pra galera ai do São Sebastião. Precisar de nós tamo ai.
- Pode deixar, falou!
- ...



“Na noite desse sábado, 21 de abril de 2001, a polícia militar prende uma quadrilha organizada de traficantes de drogas. A polícia vinha grampeando as ligações desde o mês passado, inclusive as gravações serão divulgadas no noticiário das nove, e através dessas escutas telefônicas conseguiram achar o paradeiro dos criminosos. Os traficantes foram presos na cadeia municipal onde esperam pela sentença.”
                                                              (Jornal da Cidade, 21 de Abril de 2001)




Jucinei Rocha dos Santos, 2012